Arquivo para blues

Jakob Goes Dylan

Posted in Música, Novidades with tags , , , , , , , , on julho 19, 2010 by Jonatas

Durante toda a década de 90 as rádios ficaram infestadas com hits melosos e bem trabalhados da tímida banda Wallflowers, encabeçada pelo subestimado vocalista Jakob Dylan, ilustre filho de um ilustríssimo divisor de águas musical, Bob Dylan. Subestimado porque era inevitável não comparar o filho com o pai. A crítica massacrava alguns versos simples e melodias pop como se fosse obrigação de Jakob criar canções históricas e inteligentes. Sabe como é, a genética não pode falhar.

Mas ele conseguiu calar a boca da mídia. Vendeu milhões fazendo um rock alternativo agradável totalmente diferente do folk com o qual cresceu ouvindo. Não haviam rastros de country ou de blues em suas canções. Nada bucólico ou que soasse interiorano. Letras fáceis e pegajosas bastante coesas. Até conseguiram a benção de outro ícone da música, David Bowie, que permitiu a regravação de uma de suas canções para a trilha sonora de um filme inadequado (“Heroes”, regravada para a trilha do filme Godzilla). Jakob Dylan conseguiu se mostrar original e não ligava se agradava ou não os gregos e os troianos. Até que a banda acabou e fez-se necessário arriscar-se sozinho pela música. E nesse ponto que a situação foi revertida.

A carreira solo de Jakob Dylan soa como Bob Dylan. O folk está lá. O country também. Todos os versos parecem ter sido elaborados simetricamente perfeitos para soarem bucólicos. O vocal sereno meio caipira marca sua presença. Se fechar os olhos consegue até mesmo sentir o cheiro de grama molhada pela manhã naquele sítio isolado da humanidade e do café fresco preparado carinhosamente em um fogão à lenha. O pequeno Dylan decidiu que quer ser igual ao grande Dylan.

Apesar da cópia deslavada as canções são bonitas e em alguns momentos bastante interessantes. Não servem para ser clássicos e muito provavelmente nem atinjam o mainstream, mas valem a pena ser escutadas. Perdeu-se a originalidade (até mesmo visual, afinal o filho é a cara do pai e agora se veste como este também) em busca de uma zona de conforto que não era necessária para um artista competente. Lamentável, mas o que podemos fazer?

O segundo álbum do cantor chamado “Women + County” foi lançado recentemente e já pode ser encontrado na rede. Para ouvir mais trabalhos de sua carreira solo, visite o site oficial ou o MySpace ;)

2010’s: Japandroids

Posted in Música, Novidades with tags , , , , , , , , , , , , , , , , , , , on julho 8, 2010 by Jonatas

Para começar, o nome dessa banda é genial: Japandroids. Não consigo imaginar um nome mais nerd para uma banda formada por… nerds. O Japandroids é um duo canadense de garagem formado por Brian King (físico) e David Prowse (antropólogo). E só. São apenas os dois, com uma guitarra e uma bateria no melhor estilo White Stripes de existir. A grande diferença está nas influencias sonoras. Jack White é profundamente ligado ao rock clássico, blues e guitarras virtuosas. Já esses caras são sujos e crus, e preferem aquela barulheira da guitarra bruta sem muito trabalho para tocar, mas com muita espontaneidade. Ficam claras as influências de stoner-rock, garage-rock e até mesmo hard-rock em suas faixas.

Desde 2006 na estrada, só agora com o relançamento do EP “No Singles” ganharam algum destaque graças às maravilhas que a internet pode prover. Encabeçaram os artistas mais bloggados por semanas consecutivas no The Hype Machine, espécie de site que serve de termômetro para o que há de novo e bom por ai. Foi o suficiente para ganharem espaço em muitos festivais pela Europa e EUA. Seu disco de estréia, “Post-Nothing” lançado em 2009, foi citado como “melhor redescoberta em 2010” pelo semanário britânico NME.

Particularmente, não vejo nada de inovador, nem promissor no som deles. O som lembra muito Death From Above 1979, que era uma ótima banda (aliás, uma das minhas preferidas) e A Place To Bury Strangers. Existe alguma semelhança também com alternativo-experimental que pegou no final dos anos 80, como Jesus and Mary Chain e Sonic Youth. Mas é um som que diverte muito! Pelo que comentam, a presença de palco dos caras deve ser muito boa! E é disso o que precisamos não é mesmo? Boas energias.

Fato rápido: O nome Japandroids é uma homenagem a duas bandas que influenciaram Prowse e King. São elas Japan Scream e Pleasure Droids, respectivamente.

Exile On Main St.

Posted in Discoteca, Música with tags , , , , , , , on junho 25, 2010 by Jonatas

Chega a bendita sexta-feira e você, arrastado pelo cansaço acumulado de toda a semana, com a cabeça fora do lugar e sem vontade de fazer absolutamente nada durante todo o dia, busca aquele resto de energia no fundo da alma para manter-se de pé e encarar de frente todas as coisas chatas que precisa resolver para ter um final de semana tranquilo sem preocupações. O problema é que você não consegue encontrar essa energia e busca uma válvula de escape para não estressar, para afastar aquela vontade de mandar todo mundo à merda e ir pra casa dormir.

Minha dica para evitar esse tipo de eventualidade é uma, bem simples: Exile On Main St.

É um disco velho, eu sei. Também não é um disco para qualquer um, afinal tem que curtir blues, jazz, rock clássico, e principalmente, Rolling Stones. E se você não gostar com certeza vai achar o disco bem chato… Mas não dá pra negar que é um disco que soa a esbórnia. As músicas estão carregadas de cigarro, bebida, cocaína e sexo. Em algumas canções podemos perceber a ressaca do Keith Richards em notas prolongadas e preguiçosas. E claro, tudo isso inspira muito! É uma lufada intensa de carpe diem no meio da sua cara!

Recentemente, esse que é um dos discos mais influentes da história e provavelmente o melhor dos Rolling Stones, foi remasterizado e relançado em uma edição de luxo. Além das 18 canções contidas na versão original, algumas canções inéditas foram adicionadas como bônus. Canções essas que foram gravadas naquela época, mas ficaram de fora do álbum.

O disco inteiro está disponível para áudio no YouTube, basta dar uma procurada. Vale a pena conferir, afinal, se não fosse por álbuns como esse, não haveria música boa no mundo.